Pesadelo Real
Abri os olhos num pesadelo negro chamado realidade
Ninguém sabe as histórias que contei à minha alma de criança
Para ensiná-la a viver no tenebroso mundo adulto
Alimentando um trauma para fugir de outro
Me jogando de cabeça em perigos insanos
Buscando algo que me mate por fora
Porque dói bem menos que morrer por dentro
As grandes tragédias matam os homens
Mas são as pequenas tragédias que matam a humanidade
Se eu não puder acordar e sentir esperança
Então prefiro não sentir mais nada
Se para aguentar esse mundo preciso matar minha Inocência
Então talvez já esteja aqui por tempo demais
É tão desolador, ver o que se pode ganhar com um sorriso falso
Com uma promessa falsa, com um leve sussurro mentiroso
Mais desolador é ver o quanto eu posso ganhar
E como esse sorriso anda me vindo fácil
Talvez todo o tempo que passei treinando para ser adulto tenha sido inútil
E agora eu queira brincar de casinha
Não posso fugir do pesadelo se já estou acordada
Não posso fugir, se sou meu próprio pesadelo
Envolvendo com garras negras um coração que ainda queria sentir
Quem sabe quanto tempo leva para maduro virar podre?
Quem sabe quanto essa maturidade precoce ainda vai custar?
Se genialidade é sintoma de loucura
Talvez eu devesse ter visitado o médico
Se insanidade é da mente uma fartura
Estou certa de que os vermes terão muito que saborear
Pus tantas armadilhas na mente
Que eu mesma tropecei em uma delas
Me protegi tanto
Que hoje o chumbo da armadura me envenena
Consegui prever todos os males do mundo
E de tanto horror, morri