FARISAÍSMO DE TRAZER POR CASA
Eu olho à minha volta e só vejo injustiça,
Por todo o lado vejo orgulho e presunção;
Eu olho à minha frente e vejo movediça
A areia de um deserto vazio de emoção.
E porque a culpa ao ser solteira cantará…
A tal primeira pedra, quem atirará?
Eu olho à minha volta e vejo ostentação,
Por todo o lado vejo a vaidade atiradiça;
Eu olho à minha frente e vejo a abjecção
De um poder de riqueza vã e quebradiça.
E porque a culpa ao ser solteira cantará…
A tal primeira pedra, quem atirará?
Eu olho à minha volta e vejo oportunismo,
Por todo o lado vejo o vil descaramento;
Eu olho à minha frente e vejo pedantismo
Numa demagogia desfraldada ao vento.
E porque a culpa ao ser solteira cantará…
A tal primeira pedra, quem atirará?
Eu olho à minha volta e vejo incumprimento,
Por todo o lado eu vejo o iníquo vedetismo;
Eu olho à minha frente e vejo o sofrimento
Da escravatura do dinheiro e nepotismo.
E porque a culpa ao ser solteira cantará…
A tal primeira pedra, quem atirará?
Desfila dia a dia uma falsa moral,
E uma ignóbil política sem condição;
Desfila a cada hora a máscara virtual
Para fingir do povo a triste solidão.
E porque a culpa ao ser solteira cantará…
A tal primeira pedra, quem atirará?
Ó gente maioral, com alma descartável,
Tomara que alguém vos mate em golpe de asa
O vosso espírito selvagem execrável
E esse farisaísmo de trazer por casa.
E porque a culpa ao ser solteira cantará…
A tal primeira pedra, quem atirará?
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA
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