FARISAÍSMO DE TRAZER POR CASA

Eu olho à minha volta e só vejo injustiça,

Por todo o lado vejo orgulho e presunção;

Eu olho à minha frente e vejo movediça

A areia de um deserto vazio de emoção.

E porque a culpa ao ser solteira cantará…

A tal primeira pedra, quem atirará?

Eu olho à minha volta e vejo ostentação,

Por todo o lado vejo a vaidade atiradiça;

Eu olho à minha frente e vejo a abjecção

De um poder de riqueza vã e quebradiça.

E porque a culpa ao ser solteira cantará…

A tal primeira pedra, quem atirará?

Eu olho à minha volta e vejo oportunismo,

Por todo o lado vejo o vil descaramento;

Eu olho à minha frente e vejo pedantismo

Numa demagogia desfraldada ao vento.

E porque a culpa ao ser solteira cantará…

A tal primeira pedra, quem atirará?

Eu olho à minha volta e vejo incumprimento,

Por todo o lado eu vejo o iníquo vedetismo;

Eu olho à minha frente e vejo o sofrimento

Da escravatura do dinheiro e nepotismo.

E porque a culpa ao ser solteira cantará…

A tal primeira pedra, quem atirará?

Desfila dia a dia uma falsa moral,

E uma ignóbil política sem condição;

Desfila a cada hora a máscara virtual

Para fingir do povo a triste solidão.

E porque a culpa ao ser solteira cantará…

A tal primeira pedra, quem atirará?

Ó gente maioral, com alma descartável,

Tomara que alguém vos mate em golpe de asa

O vosso espírito selvagem execrável

E esse farisaísmo de trazer por casa.

E porque a culpa ao ser solteira cantará…

A tal primeira pedra, quem atirará?

Frassino Machado

In JANELAS DA ALMA

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FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 13/03/2016
Reeditado em 14/03/2016
Código do texto: T5572671
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