Os homens anoitecem a vida
O sol não mais descambara a pino
A noite faz-se perene entre nós
A lucidez dos homens anoitecida abruptamente
Nas ruas os homens tornam-se seres inanimados
A luz própria dos arrimo sucumbiu a noite
Adeus ao solstício de verão
adeus as belezas naturais do mundo
pois a noite cega aos homens
Há deflagrado um crise de abastecimento
Sobretudo abastecimento moral
Abastamos a nos mesmos
Pobre era da desmobilização
O sistema destrói a coalizão de forças
Na vida humana um grande blecaute
Um pesado sistema anoitece os valores mais sublimes
A noite subjuga o sol de cada um
A sociedade estará perdida
Sem a luz que alimenta o espírito de cada ser
Sem a luz da virtude sobre os homens haverá muito sono
Não despertaremos mais da sono da alienação
Adeus aos descendentes da pátria-mãe
Pois a noite dizimará a visão da gente mais inocente
O céu, o firmamento a até o horizonte
impossível de haver distinção ótica ou e espaço
A noite cega a vida dos homens
Será inútil os murmúrios, ninguém o contemplará
Nem a mais desprezível das esperanças
Posto que nem uma fagulhas se incidirá sobre nós
Olhos abertos ou cerrados indiferente será
Decerto resta a resignação do sono
Os homens adormeceram no auge da ditadura da noite
E seu embrião maior no seio da sociedade
Fora concebido com engenho da desobediência
Ao que se pressupõe como a verdade divina sobre terra
A redenção ficará somente na vontade e intenção
A denúncia da realidade ficará no passado
O sol da vida será mera moldura de parede