Os homens anoitecem a vida

O sol não mais descambara a pino

A noite faz-se perene entre nós

A lucidez dos homens anoitecida abruptamente

Nas ruas os homens tornam-se seres inanimados

A luz própria dos arrimo sucumbiu a noite

Adeus ao solstício de verão

adeus as belezas naturais do mundo

pois a noite cega aos homens

Há deflagrado um crise de abastecimento

Sobretudo abastecimento moral

Abastamos a nos mesmos

Pobre era da desmobilização

O sistema destrói a coalizão de forças

Na vida humana um grande blecaute

Um pesado sistema anoitece os valores mais sublimes

A noite subjuga o sol de cada um

A sociedade estará perdida

Sem a luz que alimenta o espírito de cada ser

Sem a luz da virtude sobre os homens haverá muito sono

Não despertaremos mais da sono da alienação

Adeus aos descendentes da pátria-mãe

Pois a noite dizimará a visão da gente mais inocente

O céu, o firmamento a até o horizonte

impossível de haver distinção ótica ou e espaço

A noite cega a vida dos homens

Será inútil os murmúrios, ninguém o contemplará

Nem a mais desprezível das esperanças

Posto que nem uma fagulhas se incidirá sobre nós

Olhos abertos ou cerrados indiferente será

Decerto resta a resignação do sono

Os homens adormeceram no auge da ditadura da noite

E seu embrião maior no seio da sociedade

Fora concebido com engenho da desobediência

Ao que se pressupõe como a verdade divina sobre terra

A redenção ficará somente na vontade e intenção

A denúncia da realidade ficará no passado

O sol da vida será mera moldura de parede

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 29/02/2016
Reeditado em 19/02/2023
Código do texto: T5559504
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