BALADA DA TERRA ARDENTE

“De Van Gogh a Brecht”

“Do rio que tudo arrasta

Se diz que é violento

Mas ninguém diz violentas

As margens que o comprimem!”

Das feras que tudo matam

Se diz que são monstruosas

Mas ninguém diz monstruosas

As tramas que as arrebatam.

Dos ódios que tudo invadem

Se diz que são vingativos

Mas ninguém diz vingativos

Os mitos que os comportam.

Das raivas que tudo cegam

Se diz que são insensíveis

Mas ninguém diz insensíveis

Os focos que as incendeiam.

Das guerras que tudo arrasam

Se diz que são demoníacas

Mas ninguém diz demoníacas

As mentes que as alimentam.

Das fomes que se agravam

Se diz que são lamentáveis

Mas ninguém diz lamentáveis

Os lucros que as exploram.

Das vidas que são ceifadas

Se diz que é holocausto

Mas ninguém diz holocausto

Os vícios das mascaradas.

Das trevas que se alastram

Se diz que são devoradoras

Mas ninguém diz devoradoras

As almas dos que as adensam.

Oh mundo, mundo veloz

Não sejas tirano e algoz …

Oh mundo, mundo feroz,

Escuta esta nossa Voz!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 26/02/2016
Reeditado em 27/02/2021
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