Desconforto

Nestes dias, nossos encontros não fluem

Tu já sabes, Aninha bela, o que sinto;

E por ter por certo as intenções deste homem,

Erram-se as palavras, Erram-se os instintos,

E erramos-nos todos, ominosos dias!

À mão cerrada que insistente em chocar-se

Contra um objeto de cabal solidez

Empenha esforços a ponto de lesar-se,

Pele e ossos, ferindo de vez em vez,

Parece-me o meu coração nestes dias.

Do pêndulo que sustentava a alma minha

E pendia entre crença e fatalidade

Desfiou-se, dolorosa, até rasgar-se, a linha.

As noites ainda servem como abadias

Em que eu, padre louco, fujo, e clamo, e carpo,

Pr'o dia seguinte não ser como estes dias!

Zé das Couve
Enviado por Zé das Couve em 08/02/2016
Reeditado em 01/03/2016
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