Cantigas de Amigo
Com esta saudade, Amigo,
que me enche de frios,
me faz sentir-me sozinha,
já não vivo;e bem vos digo:
Que seja a vossa morada,
amigo, onde me possais
falar, e onde me vejais.
Não posso mais me dizer
que agora o verei como antes
fora embora como um sonho de outrora,
que me enfileira num véu fúnebre, ardente
e quente, chorai a mágoa que não me fizeste,
mesmo assim sei me consolar.
Serei eu a dona do mar?
Só não me acabo em prantos, por hora
pois sei dos mantos de amor que me cobrem,
São firmes, sei dos meus, por isso os preservo
com quem esconde ouro, e atiça os olhares de quem os cobiça.
Sou firme nas minhas andanças
Aguardo a hora certa de desejar
Mesmo crendo em ti preservo os seus,
Sou mulher aos olhos e menina no coração,
Não sei fazer-me diferente,
Abrando-me aqui , assim sem falhar
Pois confio em mim e no meu caminhar