O SILÊNCIO

O silêncio me toma qual garimpeiro

Bateando calhaus de ausências.

Há em cada grão encontrado

As marcas de um buril que esculpe

A forma inefável daqueles olhos

Que um dia se estampavam

Na estante do meu benquerer.

O silêncio é garimpeiro solitário

Rasgando as manhãs vertidas

Em cascatas desesperadas.

O silêncio é areia erma lavada

Assoreando meu leito raso.

Sou rio mastigando silêncios!

Paulo Pazz​