Desencanto

Era pra ser apenas um, são dois,

Era para ser calor, mas, é gelo;

A construção da felicidade, pois,

já ameaçam partir o jugo os bois,

o apelo externo é um frágil apelo...

Era para ser vida, porém, é rotina,

para ser complemento, mas, falta;

pra felicidade morar após esquina,

porém, os sonhos em escrita fina,

apagaram, com as luzes da ribalta...

Efêmera como é a flor do hibisco,

A ilusão passa passando uns dias;

Claro que ser feliz demanda riscos,

Separar os grãos dentre os ciscos,

e aquecer de amor as noites frias...

Bandeira tremulando na geladeira,

Anuncia que o amor foi pro Alasca;

Junto foi aquela ilusão, a primeira,

cujo ardor ajudou a vencer barreira,

restou goma vencida, não se masca...

No fundo, não desejei que tal fosse,

sou cronista da vida, não, torcedor;

mas, foi isso que o Fado lhes trouxe,

lamento, que não tenha sido doce,

porque, assim é, o verdadeiro amor...

Enfim, é comum, o duro descaminho

e, tema ingrato, versar esse assunto;

mais ingrato, é deitar a dois, sozinho,

nem sequer adianta cambiar o ninho,

o desencanto, desgraçado, vai junto...