Descontente
De que são feito os sonhos?
Do desejo q'habita o subconsciente?...
Daquele beijo, ou do sorriso?!
Será que do algodão-doce?!
Talvez seja cousa d'uma fada atrapalhada!
Ou d'uma varinha d'condão descalibrada!
Sonhei, se sonhei...
D'dia, hora queria...
Hora nem via, e já estava nas nuvens...
D'tarde ou pela madrugada...
Fui aos céus, e neles seus olhinhos brilhavam...
E navegando pelos mares, pude sentir todo teu amor q'me agitava por dentro...
Você era a extensão d'meu universo...
Sempre presente...
Onde quer q'minhas vistas alcançassem...
Eu não podia deixar d'sentir...
Teus medos, teus segredos!
Tuas lágrimas, teus gemidos!
Teu sorriso, tua mais pura felicidade...
Teu prazer, tuas conquistas!
Mas d'pétalas em pétalas...
Sucumbia-se a flor-da-idade...
A cidade crescia, a floresta encolhia!
E neste ritmo, o vento soprava...
E os dias pouco à pouco iam sumindo-se, no vapor das nuvens!
Mas impossível era, q'fosse somente sonho
Dos sonhos, q'posso dizer?!
Gostosos d'se ter!
Mas não mais que o sabor d'teus beijos...
Pois estes...
Ah! estes...
São tão perfeitos...
Tão delicados...
Tão suaves como um furacão!
Dos sonhos?!
Algo prazeroso d'se ter!
Mas d'nosso amor...
Ah! momentos d'louca paixão...
Candura...
Incontrolável volúpia...
E a luxúria d'uma virgem meretriz!
Sonhos...
Talvez o sentido do inexistente olfato...
Desesperada tentativa do subconsciente, pelo 'sentir'...
Mas não teu perfume...
Esse!
Esse não tem jasmim...
Não tem dama 'na' noite...
Senti-lo, é o mesmo q'sentir...
Teu doce espírito se apossando d'mim...
É ver e sentir a transmutação do antes, ínfimo- finito...
Para o agora imensurável-sem'fim!
Como posso então, acreditar q'tudo não passou d'ilusão?
Reduzir tal deslumbre celestial...
Em mero devaneio...
Tal voracidade dos sonhos não pode ser real...
Não pode ser real, tal ilusionista magia!
Talvez, seja o sagrado matrimônio da lua com o sol...
Do que vivi e senti!
A fusão em mim...
Do real com a irreal perfeição!
Presumo, q'de fato nao sei...
Se do vivido ou do místico desejo!
Mas sei q'sonhos existem...
E são tão vívidos, quanto a realidade vivida!
Já quanto a realidade...
Não sei se era verdade...
Ou apenas um sonho!