MINHA VELHA ALMA
Encontraram minha alma
em uma lata de lixo,
enrolada em um velho
pano de prato.
Eu a havia vendido
por um valor irrisório
e quem a comprou garantiu
que eu havia feito
um grande negócio.
Retalhada a canivete,
minha alma parecia
não ter mais serventia:
não cabia mais
em meu corpo.
Em meu corpo,
destituído de alma, só cabia
uma nova cicatriz
a cada dia.
Tentaram costurar
minha velha alma.
Mas o que eu perdera
não tinha mais volta:
o corpo vilipendiado
recusou
a mesma velha alma de antes.
E a mim restou juntar moedas
na ânsia infantil
de conseguir comprar
uma alma nova
ou que, ao menos,
fizesse este velho corpo
parecer melhor
do que nunca foi.