O Afeto Corrompido

Queria não enxergar o óbvio

Homens e mulheres morrendo por inanição

Da fome do afeto, do afago

Do sorriso, amor com prazer

Partilhados

Boas festas?

Que festa?

Choro ao travesseiro na cama de dormir

Procura da alma no banheiro

Lavando o corpo, sedado, esquecido há muito o prazer

O irônico que a doença é trabalhada no silêncio

Na marcha dos dias

Maquiada pelos “flash”

“Selfs” das alegrias preparadas

Ficando encurraladas as naturezas, homem e mulher

O instinto que fugiu

A sexualidade que mudou de plano

Ficou na caixinha preta

Murmurando bem baixinho

“Me deixa sair”

Perdeu a vitalidade de outrora

Da natureza indomesticável, insubordinada

Deixou a honestidade genuína

De provocar, estourar as comportas, expor dois seres

Um para o outro

Fica agora uso de corpos

Consumo de energia

Intimidação e desconforto para Alma

Coisificação dos espíritos

Na cama, no lar, na vida

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 23/12/2015
Código do texto: T5489258
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