Aflições
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Aflições
Poetas viajam,
criam mundos de ilusões.
Navegam. Voam. Sonham...
Sem saírem da terra firme.
Poetas sofrem
para muito além do senso comum.
Choram. Clamam. Desiludem-se...
Perdem a solidez do chão.
Viver é acostumar-se.
E aprendi a conviver com você.
A dividir esperanças,
compartilhando amanhãs.
Hoje, entretanto, abriu-se um clarão.
Perdi o verbo, sufoquei as lágrimas...
Quando ouvi
que estava desistindo de nós.
Guardarei as malas.
Trancafiarei as confissões.
Engolirei, sozinho,
a saliva que seria nossa.
Sem o encantamento da musa,
nenhum poeta faz obra completa.
Este poema, portanto,
não tem final, mas cortejo.
Nunca mate
o amor que bateu à sua porta.
Com ele, morre também a poesia
que emociona e faz chorar.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu-CE, 17 de dezembro de 2015.
15h45min
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