Engano

Ela não quis deixar

O passado cicatrizar.

Trazia-o todo dia.

Passado não passava.

Emergia a sequidão.

Dúvidas.

E na dúvida,

As certezas eram mentiras.

Mentiras descabidas.

Mentiras que plainavam.

Mentiras que cercavam

O rio a desaguar.

Quem pode, criança,

Quem consegue se omitir

A verdade que se engana em si

Por mais de um século amor?

O tempo do amor é longo.

A quem diga que é eterno.

O tempo contigo foi cego.

Cego e frívolo.

Escureci minha visão,

Ao pensar que tu seria

Minha vastidão.

Talvez nem me caiba sofrer,

Nem lembrar

Aquilo que o pensamento

Insistia em dizer que iria enterrar.

Talvez.