O ébrio
Contra o xeque-mate lutei como o rei
Esperei horas e dias, por anos eu lutei
Mas o tempo me encurralou no tabuleiro
E o espólio me arrestou o leiloeiro
Desisti, desfalecido a esperança perdi
E suor e dor e lágrimas derrotado eu verti
Com o vinho escarlata derramado de um odre
do carmesim escorrido meu corpo se cobre
Minh'alma agora ébria em negro tinto
cambaleando em devaneio é tudo que sinto
e este bêbado errante de soluço constante
Com um litro na mão não há quem encante
De vestes rasgadas, suadas e sujo
Morimbundo e sem rumo agora eu fujo
Sobrepujo, contudo, de grão em grão
E aos poucos, sem pressa, levanto do chão