Desvario Matutino
O ruído dos passos rompia o silêncio que se instalara
Tal qual poluição a abalar a paz que a noite deixara
Invadia o dilúculo da selva um rapaz
Tez pálida na escuridão, cabelo vivaz
Tinha as mãos sôfregas daquele que quer tocar
Os sentidos apurados ansiando por explorar
Mas o olhar perdido do homem farto de viver
No mundo empírico ao que viera pertencer
Para tanto, necessitava do efêmero
De forma a fazer valer seu existir alígero
A caminhar vivia um momento intrinsecamente sólido
Acompanhado por um crescente desagrado inóspito
Pela alma impura que viera a se tornar
E pela qual deveria, mas não desejava se culpar
Martirizava-lhe a insaciável sede por poder
Ambicionava grandiosidade, necessitava conhecer
Queria o poder da morte, mesmo que por meios errôneos
Tratava com seres negros, tinha como mestres demônios
Convivia com tais sonhos, lamentava-se pela má sorte
E grande silêncio rodeava o garoto que esperava a morte