Desvario Matutino

O ruído dos passos rompia o silêncio que se instalara

Tal qual poluição a abalar a paz que a noite deixara

Invadia o dilúculo da selva um rapaz

Tez pálida na escuridão, cabelo vivaz

Tinha as mãos sôfregas daquele que quer tocar

Os sentidos apurados ansiando por explorar

Mas o olhar perdido do homem farto de viver

No mundo empírico ao que viera pertencer

Para tanto, necessitava do efêmero

De forma a fazer valer seu existir alígero

A caminhar vivia um momento intrinsecamente sólido

Acompanhado por um crescente desagrado inóspito

Pela alma impura que viera a se tornar

E pela qual deveria, mas não desejava se culpar

Martirizava-lhe a insaciável sede por poder

Ambicionava grandiosidade, necessitava conhecer

Queria o poder da morte, mesmo que por meios errôneos

Tratava com seres negros, tinha como mestres demônios

Convivia com tais sonhos, lamentava-se pela má sorte

E grande silêncio rodeava o garoto que esperava a morte

B M Gray
Enviado por B M Gray em 02/12/2015
Reeditado em 28/10/2016
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