SEPARAÇÃO III

Hoje sobre a mesa de centro da sala

Não há mais fotografias, apenas os quadros,

Uma agenda do próximo ano e uma mala

Com os restos das promessas não cumpridas.

Os discos na caixa sobre o tapete

Indicam o fim de tudo que um dia

Eram danças, risos e festas...

Acabou.

O amor enjoou.

O mesmo ar é pouco para dois aspirarem juntos.

Cansou.

O “a vida continua” não é um consolo

Apenas uma verdade amarga que teremos de digerir,

Ruminar, digerir, ruminar...

Lamentar? Sim, é um direito torto

Para justificar o pranto certo que vai chegar.

E nós, o que seremos?

Bons amigos? Bons inimigos?

Ou simplesmente seremos frágeis metades a espera

De outra metade para voltar a ser inteiro?

Culpar a quem agora que amor ruiu?

Preocupamo-nos tanto com os terremotos

E esquecemo-nos da ferrugem que consumia a tudo

Da maneira fria e silenciosa

Que a ferrugem encontrou para desmoronar

As torres colossais dos amores gigantes.

Tudo se renovará: o riso, os sonhos, os planos, a vida...

Mas será que tudo poderá ser como antes?

Foi eterno enquanto durou,

Será eterno enquanto lembrado

E isso simplesmente é inevitável:

Não se apaga memórias

Nem mesmo com novas e lindas

Histórias.

E talvez esse, seja o nosso maior engasgo.

luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 30/11/2015
Reeditado em 01/12/2015
Código do texto: T5465610
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