Rio Doce, Doce Rio
Rio Doce, Doce Rio.
Aguas, idas, passadas, doce,
Rio extenso pujante e forte,
Do teu leito vinha-me o sustento
Maldito homem que te levou à morte.
Eu vi o teu leito desde que nasceste
Vi teu jeito belo de serpentear,
Pelo vale abaixo correndo tão calmo
Bebi tuas águas sem me preocupar.
Em tua cabeceira debrucei-me outrora,
Sobre um fio d’ agua pura e cristalina,
Sem pensar um dia ver-te enlameado
E sem imaginar a tua triste sina.
Já corri teu leito em minha canoa
De tuas águas tirei o alimento meu,
E agora te vejo tão desfigurado
Que até desconheço o caminho teu.
Não terei mais vida para ver-te são,
Nem terei mais vistas pra te comtemplar,
Meu doce rio, meu Rio Doce,
Não posso mais em tuas águas me banhar.
Porque em tuas águas já não há mais água,
Apenas lama, do ouro que foi lavado,
Refugo dos minérios, refugo dos refugos,
Quem te viu, hoje ao te ver fica pasmado.