“Constatação”
Quando ele a conheceu ele estava perdido.
Achou-a uma mulher muito interessante, a mais interessante que ele já havia conhecido.
Ela era espirituosa, sensível, inteligente, sexy e possuía um gosto musical muito próximo ao dele!
Ela tinha sempre um sorriso no rosto e não exigiu nada dele; ela não se preocupava com bens materiais, não era fútil.
Namoraram e juntaram-se numa casinha de dois cômodos, mas para ele era a melhor casa em que já morara.
Tiveram três filhos e foram felizes por duas décadas.
Mas um belo dia ele acordou e se deu conta de que ela já havia acordado há muito tempo.
Ele olhou aquela mulher. Não era a mesma mulher que ele conhecera há muito tempo. Era uma estranha. Parecia que ele nunca havia visto aquela mulher.
Essa mulher que estava na mesma casa que ele não possuía nenhuma graça, passava o dia e a noite reclamando de tudo e de todos, ela não possuía aquela sensibilidade daquela mulher de outrora.
Ele conversava com ela, mas ela não entendia nada do que ele falava.
Ele se perguntava se não estava sendo inteligível o suficiente, pois ela é ou havia sido uma mulher muito inteligente.
Ele olhou para ela e percebeu que ela não possuía nenhum atrativo físico que despertasse a sua libido e se perguntou onde estaria aquela mulher sexy que ele havia conhecido.
Além do mais, ela começou a ouvir certas músicas que não faziam parte da discografia dele e a dizer que ele era um fracasso como profissional.
Foi somente neste momento que ele percebeu que todos aqueles atributos que ela possuía só eram visíveis para ele porque ele a amava mais que a si próprio e agora ele chegou à terrível constatação de que ele estava completamente cego pelo amor.
Ele perdeu o interesse por ela.
Ele não a ama mais!
Pepeu De Paula - Sampa 03/07/2014 15h00