Aos amantes

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Aos amantes

Se for para ser o muito pouco de muitos,

muitas experiências terá.

Não precisamos mais de nenhum bordel;

as salas estão nas ruas, nas esquinas.

Ofereço-te, entretanto, o meu chapéu.

Não para colorarem migalhas;

serás rica flor, de numerosos beijos na mão...

Refúgio de vorazes beija-flores.

Voe e aceite o revoar de asas ao seu derredor.

Entenda e perceba os prazeres;

Carregue o fardo, misturando horrores, sabores e dissabores das polinizações.

Não se furte às caras e bocas.

Não desanime os caras, nem os de mentes ocas...

Pois dementes são todas aquelas ideias toscas,

arquitetadas nos ébrios tribunais.

Viver é gritar num cabaré, imitando as feiras!

Morrer é se trancar num véu de freira, enclausurar-se num templo,

fugindo das tentações.

Sei que meu discurso é ébrio, profano.

Sei que professo rompante de vitupério, mas proclamo o amor ao banquete,

de imbecil intenção, pueril demais.

Posto que os homens adoram máscaras,

retiro do meu carnaval de horrores, minha melhor fantasia:

O meu não-eu!

Nijair Araújo Pinto

Iguatu-CE, 6 de setembro de 2015.

17h55min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 12/10/2015
Reeditado em 12/10/2015
Código do texto: T5412741
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