O Brinde
Façamos um brinde aos tolos ingênuos,
tais, em troca por nada, dão o coração;
que acham correspondência, de menos,
não seja ao desprezo que nós bebemos,
mas, em sincera honesta comemoração;
brindemos esses seres infantis, incautos,
que se embriagam na doçura do engano;
e devaneiam sós, com banquetes lautos,
as melhores homenagens em seus autos,
não morre o mais valioso sumo humano;
tilintemos as taças para esses simplórios,
que a vida não cansa de os ter afrontado;
se dar sem esperar, que sejam meritórios,
que lhes incensem aromatizando velórios,
sândalos que caem perfumando machado;
bebamos, pois, aos incuráveis e inocentes,
que maldade macera, tripudia, fere, enfim;
menos infelizes são eles que os indecentes,
que sujam cegos, às mais puras vertentes,
só não pensem que passei por isso, tim tim...