CORAL*
A Vida me mordeu,
protestante,
o veneno escorreu lento.
Pela mordida escorreu o paradoxo,
ia com ele tudo,
menos o arrependimento.
Lá dentro,
tudo colidia,
lágrimas saiam por onde entrava a alegria.
Víbora infeliz!
Ufanosa cruel de canto cru!
Tomou me até o inerente,
e foi-se embora,
deixou me nu.
Silenciosa como quem mata,
arrogante como quem não padece,
Cantava alegremente o choro dos que falecem.
Eras tu a liberdade para o condenado,
um estio de mel,
para um ser frio e amargurado,
tu fostes o oceano no qual
tive a honra de morrer afogado.
Oh Vida!
Viestes mansamente,
semelhante a Coroa nos primórdios com o Brasil**,
mas, subitamente,
assaltou me a alma e fugiu.
Tu me montastes do teu jeito,
usou, brincou ,quebrou ,
depois jogou me num asilo,
nem lembranças me deixou.
E agora tu te vais,
com a consciência leve e clara.
Para por um instante(...)
Mostra-me a língua,
e prossegue,
debochando da minha cara.