CORAL*

A Vida me mordeu,

protestante,

o veneno escorreu lento.

Pela mordida escorreu o paradoxo,

ia com ele tudo,

menos o arrependimento.

Lá dentro,

tudo colidia,

lágrimas saiam por onde entrava a alegria.

Víbora infeliz!

Ufanosa cruel de canto cru!

Tomou me até o inerente,

e foi-se embora,

deixou me nu.

Silenciosa como quem mata,

arrogante como quem não padece,

Cantava alegremente o choro dos que falecem.

Eras tu a liberdade para o condenado,

um estio de mel,

para um ser frio e amargurado,

tu fostes o oceano no qual

tive a honra de morrer afogado.

Oh Vida!

Viestes mansamente,

semelhante a Coroa nos primórdios com o Brasil**,

mas, subitamente,

assaltou me a alma e fugiu.

Tu me montastes do teu jeito,

usou, brincou ,quebrou ,

depois jogou me num asilo,

nem lembranças me deixou.

E agora tu te vais,

com a consciência leve e clara.

Para por um instante(...)

Mostra-me a língua,

e prossegue,

debochando da minha cara.

Rebeca Maron
Enviado por Rebeca Maron em 25/09/2015
Reeditado em 09/04/2019
Código do texto: T5394427
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