ÚLTIMO DESEJO

Desponta longe radiante a alvorada... A noite morre...

Cantarolam os bem-te-vis na galharada,

e a brisa acolhedora que lá fora corre,

sopra no peito uma quimera inalcançada!

A imensidão abre-se em cores matizada,

em réstia de luz que em corpo e alma me percorre,

e esta amargura no meu peito agasalhada,

na natureza se aconchega e se socorre...

Tudo é beleza, só magia e encantamento...

A solidão desaparece num momento,

e num segundo tenho a vida por consorte!

Mas, voltando ao mundo em que vivo em desalento,

rodopiando a confundir meu sentimento,

sinto que quero, na verdade, é mesmo a morte!

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 25/09/2005
Código do texto: T53730
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