ÚLTIMO DESEJO
Desponta longe radiante a alvorada... A noite morre...
Cantarolam os bem-te-vis na galharada,
e a brisa acolhedora que lá fora corre,
sopra no peito uma quimera inalcançada!
A imensidão abre-se em cores matizada,
em réstia de luz que em corpo e alma me percorre,
e esta amargura no meu peito agasalhada,
na natureza se aconchega e se socorre...
Tudo é beleza, só magia e encantamento...
A solidão desaparece num momento,
e num segundo tenho a vida por consorte!
Mas, voltando ao mundo em que vivo em desalento,
rodopiando a confundir meu sentimento,
sinto que quero, na verdade, é mesmo a morte!