Campo de farsa
Essa parede invisível é bastante suja
De vidros baços clamando por água;
Eu, devo acreditar assim, sem que veja,
Dócil como cãozinho que no poste mija,
E volta pra dona, sem medo, sem mágoa...
Mas, meu dobermann do instinto fareja,
Sabendo, que não sei da missa a metade;
Que minha entrega total, e de bandeja,
É ingênua e torta como uma garatuja,
Há uma cortina escondendo à verdade...
O tempo tem as garras de um Wolverine,
As cortinas se desfarão, qual neve ao calor;
Podes estar sofrendo, é preciso que eu atine
Mas, negando-me a luz negas que eu opine,
Será o isolamento um dos predicados do amor?
O silêncio dá gritos que nos ensurdecem,
E fomento seguro para tanta desconfiança;
As duras convicções ao seu fogo amolecem,
Digo, as suspeitas que e seu bojo nascem,
Picham de preto o verde muro da esperança...
Resta essa dureza de dar devidos tratos à bola,
Como se, a multidão ocupasse a via esquecida;
O que cheira mal deve estar grudado na sola,
Desse estranho amor que, ao amante isola,
Enquanto o desamor, solícito, oferece guarida...