O céu perdido
Que coisa indigna mendigar afeição,
Morro seco e não suplico essa esmola;
Mesmo que chegue mascarado o não,
Rasgo seu pano, mantenho o pé no chão,
Não dou camisa para quem não dá bola...
Falte lenha, não providencio um lasca,
Pois, sem o fogo do engano, sei, sobrevivo;
Meu brio sob medida é meu, ninguém tasca,
Ademais, a bela desenvoltura da casca,
Nunca faria desejável quando feio o motivo...
Assim, resta lamber feridas de duras falas
Cuja dureza camuflaram com certo mel;
Coração ingênuo atingido por perdidas balas,
Não foi ao inferno, só conheceu suas salas,
Ainda vai rumar para o reino de Emanuel...
Recolho ensinos de mais um erro episódico,
Duros ensinos, mas, sob a dureza me arranjo;
Sensatez volta confusa como o filho pródigo,
Sabendo, o vero amor é céu, ainda que módico,
Ventura é a deusa, e nos basta apenas um anjo...