Atropelamento
Eis a sina avessa com suas duras rédeas,
Cavalgando ao burro, indômito coração;
Cobrindo esperas luzentes com tragédias,
Negando aprovação do sonho, por média,
E esperança teimosa duvida da reprovação...
Quão fácil traça o coração, o risquinho afoito
Fazendo de macro conquistas, a bola da vez;
simples a imaginária senha pro último biscoito,
e o seu risco faz o doidivanas fechar um oito,
onde a sisuda realidade escrevera um três...
Ah, como é duro, doído o cinco que nos falta,
arrasador a ponto de apagar ao três que resta;
afinal, os arroubos da desdita e sua suja malta,
são como uma gangue de subúrbio que assalta,
na falta de grana leva camisa, tênis, o que presta...
Aqui estou, pois, pelado, com frio e descalço,
Desengano atropelou-me, nem anotei sua placa;
O sonho diamantado era bijuteria, logo, falso,
Que droga fechar os olhos e ver um pavão excelso,
E abrir de repente pisando numa bosta de vaca...