Dita Duras
Se lutar já foi crime
Alguns pagaram o preço
De ser preso
O prisioneiro agora oprime
O ostracismo escolhido
Dos livres surpresos
Se pensar deprime
O que não sabe por que lutar
Os passos pesados e firmes
De quem todo dia é labutar
As bocas secas pedem o molhado
As mãos vazias na espera do trocado
O desvio calculado do bocado
Com o sabor delicioso do pecado
Se pedem pelo verde nas ruas
Não é o verde da esperança
Mas diante do que está ruim
Brincar disso, só tinha graça quando criança
Queremos sonhar com os pés no chão
Queremos amor e um pedaço de pão
Queremos andar livre sem sentir medo
Das prisões sem grades
Construídas em segredo
Dos porões nos libertamos uma vez
Não adianta está belo com cheiro de mofo
Tantas representantes que não nos representam
Tantas oportunidades que nos inventam
Este sol que derrete minha paciência
Este caminhar perdeu os seus motivos
Não somos os que perderam a decência
Somos todos decadentes e nocivos
Henrique Rodrigues Soares – Canibais Urbanos