Lolita

Aquela menina feia

Uma linda ceia

Para os absolutos

Uma imperceptível teia

Para os impolutos.

Aquela menina sem graça

Graceja as praças

Da sedução

Derramas as taças

Da celebração.

Aquela menina perdida

Sem medidas

E nada propício

Uma bala perdida

Um precipício

Aquela menina pura

Com suas pernas nuas

Com suas vazias ruas

Aquela menina pobre

Sem sonhos nobres

Escavando cobres

Agora morta

Abre portas

Para outras meninas

Que serão meninas

Até perderem

O que não importa!

Henrique Rodrigues Soares – Canibais Urbanos