BALADA
Vejo a solidão oculta
Em meio ao barulho dos bares.
Olhares perdidos vasculham
A maré de copos usados
E sorriso bafejam babosos
O tampo das mesas pálidas.
Tudo se move devagar,
Numa lentidão gelatinosa
Como as vozes dos boêmios.
Uma música duvidosa ocupa
Os espaços entre cotovelos,
Espanta o silêncio dos corpos,
Enquanto os gritos da alma
Aguçam os corações solteiros.
Estranhos braços se entrelaçam,
Se buscam, se socorrem, se doam
Pela necessidade de pecar
Para que a pele se sacie
Dos beijos ausentes nos lábios.