Joana da lavoura
Aqui oceis não entra.
Aqui não tem cama confortávi e nem um tipo de merenda.
Vosmecê dorme em camas cumpridas e cheias de algodão.
Aqui nois só temo um pedaço de lona, um pano velho e espumas dum colchão.
O sinhô briga com nois quando não vai bem com a plantação.
Mas também não agradece quando duplica os caminhão.
A vida pra nois é difícil.
Nois dorme tudo amuntuado
onde temo que comer todo dia churiço e quando nois come manga, vosmecê fala que tá tudo armadiçoado.
Viemo pra cá pra trabaiar,
pra criar os menino e pra não deixar nada pra eles fartar.
Mas os senhores tira tudo de nois.
Os sinhores trata nois como os porco.
Aliás, porco não!
Pru quê pos porco vosmecê dá milho e feijão.
Pra nois vosmecê tira comida e fala que não tem pão.
Ó meu sinhô, não entra no quilombo!
Aqui nois faiz festa e reza por pai João.
Oustro dia o sinhô me perguntou pru quê nois dança...
Agora eu exprico
Trabaiar no mato cansa!
E nois só não perde a esperança,
pru quê no oustro dia têm dança.