Beijo e sepulturas...
Ninguém presenciou
O funeral dos meus sonhos...
O sepultamento de minha tola esperança
As cores que ilustravam meu olhar desbotaram com as lágrimas
Que a ilusão, fez questão de criar...
Solitude de outras eras,
Solidão que ao longe me espera...
Tentando acostumar-me a lama
Na qual lambuzei minha face
Na tentativa de mergulhar junto com as sementes
Que deveriam seguir o ciclo da morte-vida...
Verso abortado, natimorto na véspera de ser recitado
Um beijo que se fez amigo
Foi a véspera de um escarro...
O plágio de fez necessário
Pela verossimilhança da sentença
E da cartasse de minha alma...
“ a mão que afaga é a mesma que apedreja...”
E de plágio em plágio,
Deixo registrada minha peleja,
Citando o poeta esquecido,
Mas tão pertinente ao ouvido...
“ Se alguém causa inda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”
Segue o velório da minha esperança
Registrada na lápide pintada com branco cal
Escritas veladas vontades " eu amei de verdade..."
E dentro do sepulcro caiado
O asco, o odor,
Féretro do que sobrou do sentimento
Entregue ao breu da angustiosa escuridão
Estou eu,
Presa no Hades da silenciosa emoção...
De um dia ser tida como esposa
Como posso ter tão tola ilusão?