É MESMO O FIM

Tantas vezes calou-se a poetisa

Seus poemas ficaram desolados

Era furacão, qualquer brisa

Sem rima alguma, versos quebrados

No entanto, ao primeiro aceno

De ternura a inspira de novo

Tornando o sofrer mais ameno

Rimas renascem, é renovo

Mas chegaria um dia, e chegou

Em que a ausência fere mais

Do que a lâmina que se afiou

Leva os versos pra outro cais

Hoje calam-se seus versos, de vez

Inspiração, pra sempre, foi embora

Molhada num grande pranto, talvez

Buscando alegria mundo afora

Até ela ficou, de novo, sem cor

A face pálida, parece sem vida

Acostumada a versar sobre o amor

Perdeu o compasso na despedida

Talvez não seja, mesmo, poetisa

Que sabe rimar o amor com a flor

Mas também uma dor com a brisa

Hoje ela perde do verso a cor

Como já perdeu sua inspiração

Desistiu , pra sempre, da poesia

Guardou bem fundo, no coração

Últimos versos que na alma havia