Blasfematório

Nas nuvens via barbas de algodão
(imagem que fazia do divino),
quando ainda um tímido menino
rogante ao Deus do pomo de Adão.

O Todo Poderoso disse não
a todos os seus viços de criança.
Assim, cresceu no vácuo da lembrança,
até ganhar o mundo da razão.

Um dia suas nuvens despencaram
como chuva (de raios e trovões)
a inundar os salmos e orações...
e todos os seus desejos acabaram.

Então, a ruminar seus palavrões,
seguiu pela cidade em romaria...
Rasgou o seu Pai Nosso, Ave Maria...
e foi rezar na cruz dos dois ladrões.

Hoje, ele blasfema nos sermões
e acompanha ateus em romaria.
 
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/07/2015
Reeditado em 07/03/2020
Código do texto: T5315656
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