Meus olhos de preto
Noite que me mastiga
que me tira pedaços insistentes no pensar
Tristemente me vem dores de como não
deveria ter sido e foi
Cruéis essas noites, insones sem drágeas
milagrosas do sono
O amanhecer me vem cansado, abatido
pálido
Dores por todo meu corpo, estou frágil
Meus olhos ardem, minha cabeça lateja
Por que tanto peso nos meus ombros?
Sinto-me doente, não aceitando estar
Ainda visto meu sorriso, tento ser moleca
tento brincar que tudo ficará bem
Danço comigo, ouço músicas, tento livrar-me
das correntes de tanta dor
Pinto meus olhos de preto, pinto meus lábios
me arrumo
Não deixo que notem o peso que trago comigo
Disfarço, disfarço
Mas dentro de mim há gritos, pranto a libertarem-se
Prefiro resguardar-me das minhas noites e dias
em total silêncio...
Escrevi ouvindo:
A Whiter Shade of Pale - Annie Lennox