Rupturas

Rupturas

Limitar-se-á à memória tudo que um dia foi afeto;

ao esquecimento, abraços e beijos não consumados,

as respostas das perguntas que ficaram enguiçadas,

toda lenha não queimada e entregue ao desperdício.

Suspensas estarão razões (nossos tetos são de vidro).

Nossas sentenças virão do que ditarem as verdades;

ainda com fogo na alma e com o coração inciso

engoliremos as mágoas camufladas de sorrisos...

Abandonado o barco e imersos nas mesmas águas,

o que era céu foi apagado e o azul se fez escuridão;

ventos vindos em torvelinho destroçarão nossos rastros...

mas sóis ainda brilharão, dias virão em claridade.

Pertence ao tempo o ofício de aberturas de caminhos,

de trazer à vida o alinho, de novas ocupações,

de remoção de resquícios e prescrição de saudades.