Fênix

Minha dor já não cabe mais em palavras.

Fiz o impossível para evitar essa situação.

Borbulha-me os olhos algumas lágrimas,

Pois é inaceitável sua infundada decisão!

Mas no fim, eu não posso te obrigar a ficar.

Me perdoe se te amei demais, e esperei

O que no fundo sabia que não iria ganhar:

Teu amor sincero, pleno e puro desejei.

Agora você me diz que nada mais importa.

E que o amor às vezes precisa de espaço.

Você me olha, se despede e bate à porta...

A solidão é ferrugem em nervos de aço.

No sofá perturbado,

Penso se fiz algo errado.

Contemplo a imensidão do apartamento vazio.

Eu num romance,

Você, amor freelance.

Essas lembranças ferem mais que tiros de fuzil.

Não sei há quanto tempo você foi embora.

Talvez quando o amor em dor se converte

Não exista tempo nem mundo porta a fora.

É distorcida a imagem que o espelho reflete.

“A dor é inevitável, o sofrimento é opcional”.

Disse certa vez um sábio e magnífico poeta.

Escolho sofrer, se for a única maneira afinal

De te ter ao meu lado. “E isso me completa”.

Difícil acreditar que um dia serei feliz.

Pois não há recomeço sem esperança.

Duvido que o tempo faça em cicatriz,

As feridas que me deixasse de herança.

Sem sentido à vida,

Sem sabor a comida.

Os dias e meses passam por mim com o vento.

Tão vivos os detalhes,

Profundos, como entalhes.

Todos disfarçam, mas notam meu amargo sofrimento.

Se nossa história noutros tempos se desse,

Será que ainda assim estaria tão deplorável?

Ou será que nada do que acontecesse

Evitaria esse imerecido destino miserável?

Já não penso em como você está lidando,

Sei que não conhece coisa como remorso.

Bem fácil que estejas outro enganando,

Outro cachorrinho sobrevivendo de seus ossos.

Aos poucos vou sentido o sol novamente,

Mas ainda preciso praticar meu sorriso.

Novos pensamentos surgem na minha mente.

AMAR É PERIGOSO! Versei o aviso.

Colei o coração partido,

Jogo perdido, mas não fui vencido.

Devo tirar o melhor de tudo que vivi e fiz.

A dor também fortifica.

E como a bela ave mitológica,

Das cinzas renasce uma nova criatura: Fênix.