EXISTÊNCIA ANULADA

Não abrirei as pernas

Grandes lábios molhados

Sem sombra no telhado

Ilhados

Mãos atadas, pau de arara.

Verdes olhos zipados

Boca dos beijos lacrada

Abrir sonhos nunca mais

Abortados desejos no cais

Dentadura trancada

Grade na liberdade

Sem guetos duetos

Corpo veste luto quente

Queima em aguardente

Herda dejetos,

A merda, a bosta

Leve ser

Resto, não presto.

Grave greve

Sutura na ruptura

Ditadura eminente, inconseqüente...

Na vida imposta,

Parida, satura!

Cíntia Thomé

Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA

pela livraria Saraiva

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 15/06/2007
Reeditado em 02/06/2008
Código do texto: T527499
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