EXISTÊNCIA ANULADA
Não abrirei as pernas
Grandes lábios molhados
Sem sombra no telhado
Ilhados
Mãos atadas, pau de arara.
Verdes olhos zipados
Boca dos beijos lacrada
Abrir sonhos nunca mais
Abortados desejos no cais
Dentadura trancada
Grade na liberdade
Sem guetos duetos
Corpo veste luto quente
Queima em aguardente
Herda dejetos,
A merda, a bosta
Leve ser
Resto, não presto.
Grave greve
Sutura na ruptura
Ditadura eminente, inconseqüente...
Na vida imposta,
Parida, satura!
Cíntia Thomé
Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA
pela livraria Saraiva