VALE SECO
Chão seco, árido,
Terra rachada
Sol escaldante
Plantas sedentas, mortas sem piedade
Até os calangos brigam entre si
As cobras rastejam fazendo barulho
Os cactos apontam para o céu seus espinhos
Carcaça de gado espalhada
O vento quente levanta a poeira
A casa de taipa abandonada
Bate sem parar a porta entreaberta
Chamando seus habitantes, pedindo para eles voltarem.
O fogão com o resto da lenha queimada
Panelas vazias, algumas no chão
A moringa cheia de formiga, os copos abandonados na mesa
A casa desarrumada e o resto de roupas ainda nos pregos
E o vento batendo a porta
Lá se foram Joaquim e Nequinha com seus sete filhos
Com o coração partido, olhando para trás
Deixando os sonhos perdidos que a seca levou.
O destino incerto em busca de uma vida menos ingrata
Foram desaparecendo pela estrada...
Oh, Deus! Mande chuva para meu Sertão
Até as aves voam para outros lugares
É tão triste ver a seca da minha região
Ninguém se compadece dos nossos penares.
Cecilia Mendes Alcantara