Mundo Desumano
Choro sem lágrimas as chagas dos meus abandonados mendigos!
Choro com risos os desempregados, os roubos, os viciados,
Choro a dor muda e inerte de meus prantos inebriados;
Choro as lágrimas dos beijos e abraços traidores de meus amigos.
Choro esse presente decadente de minha nação enganada,
Choro ao ver as escolas, a cultura, a educação e os jovens sem rumo.
Choro o aumento dos impostos, as corrupções, o excesso de consumo,
Choro em vão sobre a lápide de uma nação covarde e escravizada.
Eu choro pelas jovens que se prostituem e as meninas violentadas,
Eu choro pelos dependentes em drogas, em álcool, rejeitados
E incompreendidos pela própria família, e pelo governo abandonados,
Enquanto tarifas, impostos e leis enriquecem os abutres do senado.
Hospitais sucateados, doentes na fila de um médico e da morte,
A justiça foi enterrada e desovada no esgoto da constituição?
Onde peregrina uma gota de justiça nesse mundo de destruição?
Eu choro os abandonados pelo estado e pelo destino sem norte.
Olho meu coração: está petrificado nesse rio vasto de tanta sordidez,
Bilhões desviados, escândalos variados, futebol e risos cotidianos.
Como se tudo estivesse bem diante de tanta miséria e escassez;
Não quero abrir os olhos: a desonestidade é nosso alimento profano.
Choro por todas as almas alienadas por partidos, facções e estupidez;
Choro, com lágrimas negligenciadas, por esse mundo cego e desumano.