Mundo Desumano

Choro sem lágrimas as chagas dos meus abandonados mendigos!

Choro com risos os desempregados, os roubos, os viciados,

Choro a dor muda e inerte de meus prantos inebriados;

Choro as lágrimas dos beijos e abraços traidores de meus amigos.

Choro esse presente decadente de minha nação enganada,

Choro ao ver as escolas, a cultura, a educação e os jovens sem rumo.

Choro o aumento dos impostos, as corrupções, o excesso de consumo,

Choro em vão sobre a lápide de uma nação covarde e escravizada.

Eu choro pelas jovens que se prostituem e as meninas violentadas,

Eu choro pelos dependentes em drogas, em álcool, rejeitados

E incompreendidos pela própria família, e pelo governo abandonados,

Enquanto tarifas, impostos e leis enriquecem os abutres do senado.

Hospitais sucateados, doentes na fila de um médico e da morte,

A justiça foi enterrada e desovada no esgoto da constituição?

Onde peregrina uma gota de justiça nesse mundo de destruição?

Eu choro os abandonados pelo estado e pelo destino sem norte.

Olho meu coração: está petrificado nesse rio vasto de tanta sordidez,

Bilhões desviados, escândalos variados, futebol e risos cotidianos.

Como se tudo estivesse bem diante de tanta miséria e escassez;

Não quero abrir os olhos: a desonestidade é nosso alimento profano.

Choro por todas as almas alienadas por partidos, facções e estupidez;

Choro, com lágrimas negligenciadas, por esse mundo cego e desumano.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 21/04/2015
Reeditado em 21/04/2015
Código do texto: T5214767
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