PÚBIS DE EUNUCO

Por dentro derrama-se intenso

enorme desejo de vida,

cobiça incontida de viço

nos atos, esperas e crenças.

Porque sem desejo a existência

é água que lava o cadáver

do que sucumbiu de sedento;

é o púbis vazio do eunuco.

O aflito desejo se espalha

por vísceras, veias e nervos,

invade o sacrário emoções,

até conseguir os sentidos.

Atado aos sentidos inquietos,

arroja-se audaz para fora

e frente aos horrores que sente,

mutila a existência de vez.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 14/04/2015
Reeditado em 21/04/2015
Código do texto: T5206820
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