Do amor não correspondido

Não sou como tu,

me envergo à menor ventania;

desabo às melodias de Mozart

como se as lagrimas dissessem-me: cala-te.

Não sou como tu,

sou de invernos sentidos,

de cálidos dias;

levo comigo inóspitos sorrisos,

mas apesar de tudo,

jamais desejei sequer um dia que nao fosses feliz.

Tu

que viveu por contratos,

assinava teus beijos,

replicava os abraços.

Tu

que por não descrever-te,

me feris-tes às gotas,

qual milicias de vida.

Tu,

que tentei desamar-te,

expulsar-te dos poros,

devolver-te dos ombros;

mas amor quando nasce nos olhos

nao finda nos bares.

Sem amor,

tens a dor de ser livre;

ao amor,

tens a dor por vontade.

E por mais dificil que se possa acreditar,

eu jamais desejei que nao fosses feliz.