A FRAGILIDADE DO BRILHO
De brilhos coloridos me revisto,
espalho estrelas vivas, aquarelas
nos ninhos em que pousam minhas vistas
e o que se avista é vida em lindos plenos.
Liberto crenças ledas e peraltas
que esvoaçam alegrias descabidas,
certezas de amanhãs mais saltitantes
e bailo, celebrando ensolarado.
Contudo de repente me declino
e sinto os pés grudados nesse lodo,
um peso enorme aos ombros empurrando
meu corpo todo ao denso e negro fundo.
E o mundo que eu enxergo se escurece,
é tudo tão cinzento, opaco e triste;
sumiram-me as estrelas, tantas cores,
as ledas crenças são agora cinzas.
Aqueles coloridos, brilhos de antes,
singelos, não puderam resistir
à realidade escura, bruta, urgente;
que pena, o quanto é frágil a ilusão.