Desamparo

E, então, bateu-me uma tristeza tão grande,

uma solidão, um estar só,

completamente só.

Que triste é estar só!

Que duro é acompanhar-se da solidão!

Que vazio é ver-se abandonada.

Abandonada dos sonhos, abandonada das ilusões

que antes amparavam e faziam seguir em frente.

E então bradei.

Chorei.

Deixei a alma, só e desnuda, lançar-se no espaço

fugindo de tanta escuridão.

Ah, chorei, chorei, chorei...

E consolei-me pensando que é preciso ser forte

para chorar neste mundo.

Bradei a alma.

Gritei o ser em frangalhos.

Gritei, gritei e gritei.

Por que em meio a tanta solidão, é preciso acompanhar-se

ainda que seja de um grito de desamparo.

26.07.03 SAB 20:55.

Josely Margarida
Enviado por Josely Margarida em 21/03/2015
Código do texto: T5178179
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