Desamparo
E, então, bateu-me uma tristeza tão grande,
uma solidão, um estar só,
completamente só.
Que triste é estar só!
Que duro é acompanhar-se da solidão!
Que vazio é ver-se abandonada.
Abandonada dos sonhos, abandonada das ilusões
que antes amparavam e faziam seguir em frente.
E então bradei.
Chorei.
Deixei a alma, só e desnuda, lançar-se no espaço
fugindo de tanta escuridão.
Ah, chorei, chorei, chorei...
E consolei-me pensando que é preciso ser forte
para chorar neste mundo.
Bradei a alma.
Gritei o ser em frangalhos.
Gritei, gritei e gritei.
Por que em meio a tanta solidão, é preciso acompanhar-se
ainda que seja de um grito de desamparo.
26.07.03 SAB 20:55.