VOZES DO DESATINO

Procuro por vozes estranhas

muitas delas, sinalizam à loucura

fodam-se as bocas que às articulam

suas intensões

causas ou motivações;

busco pelas vozes que respondam-me ao desatino que vivo

procuro pelas vozes que profiro à tempos

desejo trancafiá-las novamente

ao mesmo calabouço que me trancafio

devolve-las ao mesmo buraco do qual

submergiram;

já está mais que subentendido

que sou meu próprio inimigo

existe um eu meu, de que não aprovo

quando ao sentir-se liberto

busca na libertinagem, atormentar-me

momento à momento

desgraça à desgraça

que o torna cada vez mais sedento

por algo ainda mais forte

por um motivo que de sentido ao momento

procuro entender

procuro não me importar

com as falas, com as vozes

é preciso falar;

sinto-me em um fosso prestes a explodir,

desejo fugir de minha própria arrebentação

não é fácil conter o desejo

sinto-me em desvantagem

são muitos os que falam

poucos me ouvem

menos ainda, somam-se os que me compreendem,

todos enfim,

almejam somar-se aos falantes

são como eu

resmungam para si mesmo

por pouco falar, hoje

nada falo,

por pouco ouvir, hoje

nada ouço,

apenas as perco

mãos solitárias

em meus bolsos.

Jack Solares
Enviado por Jack Solares em 07/03/2015
Reeditado em 06/11/2015
Código do texto: T5160882
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.