Te vejo assim, como quiseres, distante a falsificação
  Eu te desejei, funesta e erradamente, e soluçando...

  Agora tu me renegas na surdina, a oculta infelicidade
  Abandonaste o triunfo de uma vida que lhe quer bem

  Foste a diva desnecessária de mau momento lascivo
  E eu me enganava, solitário ermo, ao te contemplar!

  Desvaneces em cera, a carne óssea, numa saudade 
  Tentei te eternizar os quadros que hoje desmoronam

  De ti eu tenho a lembrança as idas e vindas amáveis
  Amarguei o fim do menestrel eremita, cânticos fúteis

  Lamento o conhecer de tão fria chama que não amou
  Sozinha deves a ficar pedindo a mim outras orações

  E te deixo, a desfazer-se em choros como o lamaçal!
  Grito ao desespero que te conhecer destruí a paixão!

  Fique aí, ingrata estatua, fatídica frieza, louca infame
  Ao longe te olharei perdida, sofrida, até nunca mais...

  Uma estátua de lama, sem pensamento, nada mulher
  Alguem te dirá em sua memória que fui iludido à toa!

  Pena que te perco com tamanha angústia, pequenina
  Permaneça neste trono, a lamuriar em líquidos mares

  Eu navegarei pra longe de ti, nos mais vastos oceanos 
  Sua ilha te pertence, tu mesma és ilha, rainha deserta

  Enfim, arrastarei a recordação, no continente humano
  Entre seres e coisas que de afeto bastam para mim...
Francisco Carlos Amado e ex-noivo da ilusão
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 05/03/2015
Código do texto: T5158879
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