Desilusão

Foi-se embora a poesia de amor e sonho

Deixou atrás de si sombras e escombros

Foi na noite em que me disseste adeus

Foi quando também me tornei ateu

Tudo partido, alma, corpo, perispírito

Resolvi deixar a cidade e os princípios

Parti, entrei nos antros em todos os cantos

Onde houvesse devassidão e pranto

Há anos sigo esse caminho, desatino?

Tentaram me convencer à mudança

Mas seu olhar tatuado no meu ser dança

Por todo o corpo, desenho andarilho...

Às vezes chegam-me notícias suas

E eu sorvo o veneno escuro do ciúme

Então despejo lágrimas sem lume

E a vida segue fria, ríspida, crua.

Marcel de Alcântara
Enviado por Marcel de Alcântara em 28/02/2015
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