Desilusão
Foi-se embora a poesia de amor e sonho
Deixou atrás de si sombras e escombros
Foi na noite em que me disseste adeus
Foi quando também me tornei ateu
Tudo partido, alma, corpo, perispírito
Resolvi deixar a cidade e os princípios
Parti, entrei nos antros em todos os cantos
Onde houvesse devassidão e pranto
Há anos sigo esse caminho, desatino?
Tentaram me convencer à mudança
Mas seu olhar tatuado no meu ser dança
Por todo o corpo, desenho andarilho...
Às vezes chegam-me notícias suas
E eu sorvo o veneno escuro do ciúme
Então despejo lágrimas sem lume
E a vida segue fria, ríspida, crua.