METÁFORAS...
Ela me falou de tristeza, com os olhos de rama seca, ao receber os primeiros pingos do sereno.
Disparou algumas palavras, com a força de quem lavra a terra rachada, morrendo sob o vento.
Sem espaço para minha defesa, criando uma camada espessa de lágrimas ácidas de veneno.
Calou meus versos num instante, efeito paralisante, se desfez de todos os meus pensamentos.
Falou na terceira pessoa, num tom que ecoou à toa, como se não existisse algum sentimento.
Agora eu fico na espreita, fardo de quem respeita o luto sem ter o do seu mórbido momento.
Quem sabe a poeira assente e ela, de repente, se lembre de que não se pode voltar no tempo.
E, delicadamente, caia sobre mim.