QUARTA FEIRA DE CINZAS
QUARTA FEIRA DE CINZAS
O carnaval passou,
um vazio no peito, na mente, na vida,
Sem jeito, foi o que restou...
Delírio de som silenciado, folião cansado,
Descuidado, ele descobriu:
O carnaval acabou...
Pelas ruas e praças silêncio de morte,
Nem a sorte um amor lhe concedeu,
Amor daqueles prá durar, nem durou,
Nem veio, nem ficou...
Reparte ressaca, cansaço de tudo,
Mundo mudo, muda tudo, desnuda vida,
Dura realidade foi o que restou...
E o carnaval acabou, sem cantares, apesar dos pesares,
Os ares do momento são de assombrações,
Desfilam reis, rainhas e fantasmas em contradições,
Miasmas de mais um carnaval que passou...
Ledo engano, desengano, suor e cerveja,
Ora veja, hora certa prá chorar...
Ecos sombrios pelas ruas se espalham,
Cinza fria, quaresma, leis secretas,
Completas, salmodiar as penas, às centenas...
O carnaval acabou...