Desalento do pensamento

Espectros paralelos num universo desconexo.

Tudo deixado desorganizado,

É tudo complexo.

O cenário está caracterizado.

Como um imenso oceano mirrado,

O vazio é estabelecido.

Quando os sentimentos não calam,

A mente e a alma o preço pagam.

Quanto lirismo poderia fazer

O desejo voltar a acontecer?

A dor rediviva e a saudade empalece

Assim o olhar umedece.

Sem jeito, sem rima, sem escopo.

Tudo a solto.

Mesmo no mais belo hissopo

A razão é um absolto.

A lonjura em seu circunlóquio;

A frase é um colóquio.

Nada distrai, nada abstrai

Tudo absorve, tudo sorve.

Longas noites e madrugadas

À espera de um idílico retorno.

As verdades foram soldadas,

A lembrança causa transtorno.

Fugir da própria mente seria sensato

Quando tudo está dito e nada está falado.

Todavia o coração permanece num correlato

Com todo o espírito abagualado.

A maré de sentimentos é uma parte desagradável

Mas o devir do não sentir não parece formidável.

O caminho é partir e sucumbir à réstia do que passou

Uma vez que a afecção não cessou.

Quem sabe de flores o caminho seja cheio;

Não que isso seja de interesse alheio.

Como o sol nasce para todos, dizer assim eu ouso

A borboleta então faz seu pouso.

Adela
Enviado por Adela em 08/02/2015
Reeditado em 21/02/2015
Código do texto: T5130328
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