Desalento do pensamento
Espectros paralelos num universo desconexo.
Tudo deixado desorganizado,
É tudo complexo.
O cenário está caracterizado.
Como um imenso oceano mirrado,
O vazio é estabelecido.
Quando os sentimentos não calam,
A mente e a alma o preço pagam.
Quanto lirismo poderia fazer
O desejo voltar a acontecer?
A dor rediviva e a saudade empalece
Assim o olhar umedece.
Sem jeito, sem rima, sem escopo.
Tudo a solto.
Mesmo no mais belo hissopo
A razão é um absolto.
A lonjura em seu circunlóquio;
A frase é um colóquio.
Nada distrai, nada abstrai
Tudo absorve, tudo sorve.
Longas noites e madrugadas
À espera de um idílico retorno.
As verdades foram soldadas,
A lembrança causa transtorno.
Fugir da própria mente seria sensato
Quando tudo está dito e nada está falado.
Todavia o coração permanece num correlato
Com todo o espírito abagualado.
A maré de sentimentos é uma parte desagradável
Mas o devir do não sentir não parece formidável.
O caminho é partir e sucumbir à réstia do que passou
Uma vez que a afecção não cessou.
Quem sabe de flores o caminho seja cheio;
Não que isso seja de interesse alheio.
Como o sol nasce para todos, dizer assim eu ouso
A borboleta então faz seu pouso.