Como em todos os outros Clichês

Não há nada que machuque mais

Do que um soco no estômago dado pela realidade

Daqueles que fazem você se contorcer e sangrar por dentro

Enquanto percebe a verdade em todas aquelas coisas óbvias

Que sempre soube que estavam certas

Mas nunca realmente quis admitir

Até mesmo a mais original das existências

Consegue ser assombrada pelos clichês

Que permeiam todas as histórias sobre corações partidos

Não há nada que ensine mais

Do que levar uma punhalada pelas costas

Daquelas que vem de onde menos se espera

Só para mostrar que você confiou na pessoa errada de novo

E de novo, e de novo e de novo

Só para abrir seus olhos e lembrar

Que quem coloca uma venda nos próprios olhos

Consegue enxergar gentileza até entre as presas do Lobo Mau

Não há nada que destrua mais

Do que ter derrubado sobre si o peso de um amor desperdiçado

Em alguém que por você nunca derramou uma gota de amor sequer

Só para sentir o vazio no peito

Preenchido por todos os flashbacks inúteis

Dos momentos em que alimentou todas as ilusões do Universo

Mendigando um amor que nunca teve

E que nunca realmente mereceu

Porque, no fundo, apenas um monstro

Conseguiria sentir tanto amor por outro monstro

E, ao final, em meio a todos os golpes e sangue e destruição

Nada resta além de reunir os pedaços

E costurar outra vez essa boneca vodu

Preenchendo com ódio e vingança todo o vazio

Que o amor que nunca esteve realmente ali deixou

Porque, afinal, como em todo bom clichê

Um amor muito intenso que não é correspondido

Se transforma quase meio sem querer

Num ódio ainda mais intenso