OS MISERÁVEIS
Os miseráveis
Perdidos, sem destino, sem rumo,
Dando voltas sem sair do lugar
Desfilam suas chagas purulentas
Pelas avenidas da existência.
Sua essência maligna afasta
Os pequenos raios de luz.
Sua presença temida e nefasta
Para o abismo sempre os conduz
Passageiros da eterna e lenta
Agonia de não poder transmutar
A falsa mentira em verdade
Eles negam a eternidade
sentem-se poderosos e seguros
Protegidos pelo manto da maldade
Que vestiram outrora na mocidade
Miseráveis, pobres, desgraçados.
Quando acordarem dos devaneios
Terão um tombo grande e feio
Rolarão pelos abismos nefastos
Pagando o preço dos atos insensatos.
Miseráveis cuja fome só estampa
A mentira que ao bem espanta
Miseráveis por desejarem mais
Do que podem sustentar.
Miseráveis em sua sede de poder
Em sua ânsia de ter, vencer
Enquanto o próximo está a morrer
Eles nem sabem sua razão de ser
Misersáveis, egoístas, a tecer
Uma rede de intrigas e desdita
Pobres companheiros de lida
Miseráveis, em todo lugar
Arrastam-se para sutilmente
Fazer novas vítimas fatais.
Sugando-lhes toda a energia
Graça, beleza e certa nostalgia